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Rondônia está entre os dez Estados com mais denúncias de violência contra LGBT em 2018
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Brasil registra mais de 700 denúncias de violência contra LGBTs no primeiro semestre
Paraíba, Goiás, Piauí, Roraima e Mato Grosso são os Estados com mais casos relatados à Secretaria de Direitos Humanos do Governo;
- Para cientista social, baixa representatividade no Congresso Nacional de gays, lésbicas, bissexuais e trans – ou defensores da causa – dificulta aprovação da lei para criminalizar o preconceito.
Disque 100 – Ano 2018 – Número de denúncias LGTB por UF | ||||
Ranking | UF | Denúncias (LGTB) | População Total | Denúncias por
100 mil habitantes |
1º | PB | 30 | 3766528 | 0,80 |
2º | GO | 32 | 6003788 | 0,53 |
3º | PI | 16 | 3118360 | 0,51 |
4º | RR | 2 | 450479 | 0,44 |
5º | MT | 13 | 3035122 | 0,43 |
6º | DF | 11 | 2570160 | 0,43 |
7º | RJ | 66 | 15989929 | 0,41 |
8º | AM | 14 | 3483985 | 0,40 |
9º | RO | 6 | 1562409 | 0,38 |
10º | CE | 27 | 8452381 | 0,32 |
11º | SP | 126 | 41262199 | 0,31 |
12º | PE | 24 | 8796448 | 0,27 |
13º | AC | 2 | 733559 | 0,27 |
14º | RN | 8 | 3168027 | 0,25 |
15º | SE | 5 | 2068017 | 0,24 |
16º | SC | 15 | 6248436 | 0,24 |
17º | MG | 47 | 19597330 | 0,24 |
18º | AL | 7 | 3120494 | 0,22 |
19º | TO | 3 | 1383445 | 0,22 |
20º | BA | 29 | 14016906 | 0,21 |
21º | PA | 14 | 7581051 | 0,18 |
22º | PR | 17 | 10444526 | 0,16 |
23º | RS | 17 | 10693929 | 0,16 |
24º | MA | 10 | 6574789 | 0,15 |
25º | AP | 1 | 669526 | 0,15 |
26º | ES | 5 | 3514952 | 0,14 |
27º | MS | 3 | 2449024 | 0,12 |
NA | 156 | 86294408 | 0,83 | |
TODOS | 713 | 190.755.799 | 0,37 |
(*) População Censo 2010 – IBGE / Fonte: http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-cidadao/ouvidoria/balanco-disque-100
O combate à LGBTfobia (expressão que define o ódio à população de gays, lésbicas, bissexuais e trans) só será efetivo quando o tema virar prioridade entre as políticas públicas do governo e ganhar a pauta de deputados e senadores no Congresso. O alerta vem da cientista social Ana Carolina Lourenço, uma das articuladoras da plataforma #MeRepresenta, que aproxima eleitores e eleitoras de candidaturas favoráveis a temas humanitários, entre eles o respeito à diversidade sexual e à identidade de gênero da população LGBT.
De janeiro até agosto, foram mortos no Brasil 294 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais por crimes motivados pelo preconceito, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia. A estatística de 1 homicídio a cada 20 horas é semelhante aos números de 2017, quando ocorreram 445 assassinatos, ou 1 a cada 19 horas, motivados pela intolerância.
Já balanço do #Disque100 neste primeiro semestre (veja tabela acima) contabilizou 713 denúncias em todo o País, que somam 1.187 diferentes tipos de violências, sendo as mais frequentes: violência física, violência psicológica e discriminação.
Cientes da urgência de promover a representatividade de LGBTs na política, diversas organizações sociais ativistas – com o apoio de voluntários e da empresa de sorvete Ben & Jerry’s – decidiram criar o site www.merepresenta.org.br para que eleitores e eleitoras pudessem reconhecer quais pretendentes aos cargos de deputado estadual, deputado federal e senador compartilhavam dos seus mesmos valores .
A plataforma é capaz de fazer um match entre o candidato(a) e o usuário, que chegará até o seu nome selecionando o partido, cargo, Estado e as causas sociais prioritárias: LGBTs, Gênero; Raça; Povos Tradicionais & Meio Ambiente; Trabalho, Saúde e Educação; Segurança e Direitos Humanos; Corrupção; Drogas e Migrantes.
“Por mais que o foco dessas eleições esteja no nome que ocupará a Presidência da República, a população precisa avaliar bem quais políticos lutarão pelos seus desejos, isto é, quem a representará de verdade no Legislativo”, explica a cientista social. Ela lembra que, apesar de o Brasil ser o País que mais mata LGBTs no mundo, essa violência ainda não conta com uma legislação penal própria, ao contrário do que já existe na questão do racismo e da injúria racial.
Isso faz com que denúncias como as divulgadas pelo #Disque100 sejam tratadas sem um respaldo jurídico próprio, limitando a ocorrência a um desrespeito ao artigo 3 da Constituição Federal que, de um modo genérico, determina “o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Art. 3º, XLI).
No Congresso Nacional, já existem pelo menos três Projetos de Lei para tornar crime a violência praticada exclusivamente pela intolerância à diversidade de gênero e à orientação sexual da vítima: os PL 134/2018, PL 515/2017 e 7582/2014. Mas essas proposições seguem engavetadas aguardando um quórum de parlamentares que compreendam a urgência de criar essa legislação. Daí a necessidade de eleger mais LGBTs não só para as cadeiras de Brasília, como também para os cargos nas Assembleias Legislativas de cada Estado.
A Criminalização da LGBTfobia, ao lado da Educação para a Diversidade, são pautas consideradas prioritárias para os novos mandatos, de acordo com uma pesquisa realizada com internautas e participantes da Parada do Orgulho LGBTI+ em São Paulo deste ano. Na ocasião, o estudo se preocupou em ouvir a população LGBT e os simpatizantes para entender quais propostas gostariam de encontrar nas agendas das atuais candidaturas.
A pesquisa contou com o apoio da Ben & Jerry’s, que desde sua chegada ao Brasil em 2014 vem defendendo a bandeira LGBT, repetindo a postura ativista da marca em outros países em prol de um mundo mais igualitário. O blog da empresa no Brasil, por exemplo, compara a sociedade ao universo dos sorvetes: quanto mais sabores diferentes, melhor.
Até o momento, a plataforma #MeRepresenta recebeu propostas de 840 candidaturas de todos os Estados relativas aos temas de direitos humanos. O site foi financiado pela Alianza Latinoamericana para la Tecnología Cívica, que contou com a ajuda de quase mil voluntários em todo País. A meta é contribuir para a visibilidade de candidatos e candidatas comprometidas com os direitos humanos, como o que aconteceu em 2016, quando a então candidata Marielle Franco – mulher negra, lésbica, representante de pautas humanitárias – foi um dos nomes mais frequentes nos resultados do match político.